quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Acorda!, Brasil


 

Láurence Raulino(*)

 

Depois da grande decepção que todo o país teve com o Lula e o seu partido político - o PT -, grande parte dos brasileiros que havia optado em eleições passadas pelo líder e o sua organização viu-se na orfandade política, face a trágica experiência historica que quase levou o Brasil, mais uma vez, rumo ao abismo. Então, milhões ficaram desorientados e perdidos no horizonte da vida real, e assim apegaram-se em desespero àquele que primeiro lhes pareceu capaz de derrotar a corrupção, a marca petista dos treze anos, associada ao aparelhamento bolivariano. 

E ali estava o ex-capitão(ou capitão reformado do Exército, como se queira) Jair Bolsonaro, "carioca de Campinas", um boquirroto e tresloucado como poucos neste país que sofre do complexo de vira-latas, como um dia disse o dramaturgo pernambucano, Nelson Rodrigues, que entendia a "alma carioca" como nenhum de lá... O bravo campinense do subúrbio carioca seria o nosso Trump, um Trump caboclo (não no sentido étnico, claro, pois ele é aparentemente branco, como se isso fosse grande coisa..., mas no sentido cultural), para nos resgatar da lama da corrupção e nos salvar do comunismo, desde que o Lula permaneça preso em Curitiba, do contrário acabará com as esperanças dessas crianças  - jovens e velhos -, que formam o seu rebanho, apostando tudo no capitão do mato carcamano - como dizem os paulistas.

O Brasil não vive sem buscar um "salvador da pátria", e Jair ("é melhor já ir se acostumando", diz em uníssono o seu desesperado rebanho) é o salvador do momento, pois é "honesto e corajoso", como suposto - santa estupidez!. A honestidade é "comprovada pela circunstância de o capitão até hoje não ter se envolvido com a corrupção", e essa cegueira do viralatismo é a mesma que não enxerga a covardia no olhar e nas atitudes do capitão Jair.

Triste povo que precisa de um salvador da pátria como esse dissimulado vira-latas brasileiro - mais um picareta da política. As instituições estão todas corrompidas, inclusive as forças armadas que acovadaram-se ao recusarem-se a tomar novamente o poder, para imporem uma nova ditadura, prendendo e matando ao menos trinta mil, como um dia disse o capitão Jair, do alto de sua coragem e honestidade (para não dizer o contrário e despertar o sonho do rebanho).

Acorda!, Brasil

(*) - advogado, blogueiro e escritor, autor de ensaios políticos e de literatura ficcional

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