sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

"Aiatolás do/no MP ou apenas epígonos de Paulo lá? Tanto faz..."(Comentário no CONJUR de 16.12.2011)



Láurence Raulino - (*)


A minha crítica abaixo, dirigida pela observação de que não se pode confundir o Estado laico, democrático e republicano com as convicções filosóficas - metafísicas, especialmente - e religiosoas de seus agentes/servidores, de qualquer nível e hierarquia política, parece ter enfurecido alguns membros do Ministério Público - dos Estados e do MPU -, na defesa ao colega - deles, óbvio - articulista.

E assim fizeram, destacadamente, o Promotor de Justiça identificado por "ANTIRAVE", e o Procurador da República Bruno Magalhães, ambos de 1a. instância, em suas respectivas instituições.

Não conheço nem um nem outro, como se diz coloquialmente, mas o dr. Bruno, ao contrário daquele que se identifica como "ANTIRAVE" - que expressou o seu pensamento de forma não muito republicana, ao "misturar" fé e Estado, porém o fez dentro dos parâmetros do respeito e da urbanidade... -, expressou-se de forma absolutamente passional e vulgar, ao usar de seu "psicologismo" barato para me considerar "histérico", fingido", "com falta de paciência"...

Impaciente sei que sou, não poucas vezes, e isto eu reconheço como defeito, mas também como virtude, principalmente naqueles instantes em que me expresso de forma enfática e não transijo com determinadas práticas que até a tolerância democrática repele.

Mas voltando ao Dr. Bruno, ele ali em sua crítica a este comentarista, talvez empolgado por seu psicologismo barato e obscuro, na verdade sugere que, no afã de revelar-se o "analista da alma humana" que tenta aparentar - símile àquelas ciganas que, nas praças, se oferecem para "revelar os segredos e os destinos" das pessoas ingênuas -, apenas demonstra ser um prisioneiro do mecanismo de projeção, esse, na real, da mente, segundo Freud.

Sugestão final:vá estudar Dr.B.

(*) - advogado, escritor e articulista


Seguem o artigo que "gerou" os comentários, com minha crítica(um pequeno comentário, em verdade) e os dois comentários dos membros do Ministério Público - o Estadual e o da República.



ARTIGO:

Ministério Público e sua fé nos sonhos e na Justiça
Por César Mattar(**)


"Como posso deixar de ter fé na justiça, se os sonhos dos que dormem em colchões de penas não são mais belos do que os dos que dormem no chão" - Gibran

Ao transcurso de mais um Dia Nacional do Ministério Público, não por acaso coincidente com o aniversário dos 41 anos da Conamp - Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, e no suave lamento do "Príncipe dos Poetas Libaneses", antevemos a reação de uma instituição forjada sob os mais sublimes ideais republicanos e repensada pelo constituinte da Carta Cidadã para, junto com a imprensa livre, tornar-se, como de fato tornou-se, a face da própria verdade no país.

Na gratidão pelos anos de labor desmedido empenhados em favor do parquet nacional por gerações de promotores e procuradores, colhemos hoje um legado de honradez, de comprometimento e de amor a uma instituição destinada a ser conduto de um agir e de um porvir promissor e inexorável para o povo brasileiro.

Que a data sirva como mote para a discussão acerca do crescimento de nossa instituição, como denotado a olhos vistos, e dos desafios sociais que nos aguardam, no sentido de darmos cumprimento, de fato, à missão constitucional delegada pela sociedade pátria, de sermos vetores para a composição de litígios e fomentadores de políticas publicas que findem por extirpar ou minimizar os cancros que insistem em solapar a dignidade de nosso povo, a alma de nossa gente e as riquezas de nossa nação.

O combate à corrupção, a luta contra a improbidade, a tutela do patrimônio público e a proteção à dignidade humana, sob as suas diversas matizes, constituem meios para garantia de nosso desiderato e do ideal que juramos perseguir, ainda que todos os dias amanheçamos com uma espada sobre nossas cabeças, pairada por uma minoria que insiste em fazer do público o privado e que teima em tentar amordaçar o Ministério Público, ignorando que a amarra incide em primeira e última análise sobre a própria sociedade brasileira, única destinatária de nossos préstimos, mas que assiste, todos os dias, ao assassínio do estado democrático de direito afligir promotores e juízes, como o cidadão que paga alto para ter um serviço publico eficiente e de qualidade.

Nossos desafios, contudo, e é preciso que se diga, não nos são impostos por poderes ou instituições, mas por ínfimas parcelas deles, comprometidas com a improbidade e com o descaso social. Se vivemos momento de reafirmação de nossos valores e se a instituição rejuvenesceu, eis um momento único para repensarmos nossos caminhos; se estamos correspondendo às expectativas da sociedade, que a nós apenas emprestou os instrumentos para bem defendê-la, sem banalizá-los; se estamos cumprindo nosso mister plenamente; se, mesmo como agentes políticos, ainda mantemos nossa capacidade de interlocução; em qualquer caso sem transigir um milímetro sequer com a onda de corrupção que varre o país, e que ganhou feições de insustentabilidade.

"Salve o "14 de Dezembro" e que venham outros tempos, de dificuldades inclusive, mas sempre de fé nos sonhos, de fé na justiça."

(**) - César Mattar é presidente da CONAMP e promotor de Justiça no Pará



COMENTÁRIOS:

14/12/2011 11:20Procurador Raulino (Procurador Federal)
Fé?! Mas o MP ñ faz parte de um Estado laico e republicano
Sonho tudo bem, dr., mas fé?! Fé, para um estado laico e republicano não cola, dr. Aqui o que vale é compromisso, comprometimento..., exigencias republicanas, éticas e democráticas. Não misture as suas convicções metafísicas, filosóficas..., religiosas, com o Estado Democrático de Direito, laico e republicano, do qual o MP faz parte. Ou o senhor é daqueles que fantasiam o MP desligado do "estado brasileiro" e vinculado ao Vaticano?
Tenha paciência, dr.

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14/12/2011 21:47Bruno Magalhaes (Procurador da República de 1ª. Instância)
Façamos do Dr. Raulino o instrumento de nossa santificação
Raulino,
Eu conheço esse seu jeitinho histérico de escrever, assim meio fingido, que transparece uma justa falta de paciência e se atribui autoridade para passar um sabão em quem, na sua visão, ainda insiste em crer em Deus.
A fé é necessária inclusive para conviver com pessoas ineptas para o exercício da democracia, que não aceitam o exercício público da religiosidade e que acreditam ser possível deixar as convicções religiosas encostadas num canto da casa ou na igreja.
Se você acha que num Estado laico não pode haver manifestações públicas de fé e que servidores públicos devem amputar a sua fé para se manifestarem, ainda que em espaços privados, e que é uma exigência republicana falar desse jeito falso e pretensamente racional, bom, acho que é você quem inspira paciência - prova de que até nisso é possível a Gloria de Deus: exerçamos nós a virtude cristã da paciência com o Dr. Raulino.

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15/12/2011 08:33antirave (Promotor de Justiça de 1ª. Instância)
MUITA FÉ SIM, NA JUSTIÇA.
DESCORDO PLENAMENTE DO COMENTÁRIO DO DIGNÍSSIMO PROCURADOR DA REPÚBLICA.
TEMOS DE TER FÉ SIM, NA JUSTIÇA, MINISTÉRIO PÚBLICO, E CRER QUE SOMOS UMA INSTITUIÇÃO DE BEM EM FAVOR DO BEM MAIOR.
SOU JUSNATURALISTA, TENHO MINHA FÉ CALCADA EM DEUS PRIMEIRAMENTE, AUTOMATICAMENTE A FÉ NA JUSTIÇA NADA MAIS É QUE CRER EM DEUS, TER CERTEZA ABSOLUTA QUE SEU TRONO ESTÁ ENVOLTO DE JUSTIÇA.
PARABÉNS AO Dr. CEZAR MATTAR, PELO TEXTO E MANIFESTO AOS QUE DO MINISTÉRIO PÚBLICO ENCONTRAM SEU LEGADO DE HONRADEZ.
JAMAIS PERDEREI MINHAS ESPERANÇAS E FÉ EM DEUS, POIS SERIA COMO QUE TUDO QUE PRATIÇO EM EXERCÍCIO À JUSTIÇA SE DESMORONASSE.
SER MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO É NÃO NEGAR A FÉ SALVIFICA, SER COMBATENTE, E NUNCA ESMORECER.
DEUS E MUITA FÉ NA JUSTIÇA PARA TODOS!!!

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