quinta-feira, 26 de maio de 2011

O ÓPIO, Capítulo 13, pg. ___

“... São Paulo, a megalópole frenética e devoradora de corpos e sonhos, fria e desprovida de
clemência com os fracos, de repente fica parecendo uma cidade pequena, uma aldeia, ao permitir que os amigos se reúnam – por instantes que sejam –, para a despedida de um ente querido, que inesperadamente se vai, rumo ao nada, rumo ao total e absoluto esgotamento, de tudo – matéria, força e energia, identificáveis ou não, como penso que seja o misterioso além –,ao contrário daquilo que supõem os portadores de fé, de qualquer fé, concebida dentro ou fora de alguma crença tradicional ou extravagante, originária ou não das pequenas e das grandes religiões; ou, então, desses pobres e ridículos esotéricos, que constroem seus castelos de areia em torno de crenças exóticas, sobre os resíduos do lixo quântico, da equação de Einstein e similares, e que hoje em dia não são poucos, não mesmo, os que pensam e sentem nessa linha. Ainda assim, por ser este meu além aterrador, carrasco das melhores fantasias e esperanças humanas, além de despojado de uma ética mínima da recompensa, entendo que a
fé seja imprescindível, uma mentira necessária, eis que é o ópio do povo, a ser cultivado e a ele
distribuído, ao inverso das referências de Feuerbach sobre a religião, resgatadas e revividas
por Marx”.

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