sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Nelson Jobim: o "Pinheiro Machado" que não vingou (fantasia minha ou dele?)





Muitos acham que o Nelson Jobim foi e é - ainda - um homem de sorte, por sua relativamente longa e incansável trajetória política.Vejamos, a seguir.

Advogado na "Província" até meados dos anos 1980 - pois atuava no interior do Estado, ali na cidade de Santa Maria, sua terra natal -, Jobim foi convidado pelo amigo João Gilberto, então deputado federal pelo PMDB do Rio Grande do Sul, a disputar a eleição seguinte - a de 1986, justamente a que elegeria os constituintes para a ANC - Assembléia Nacional Constituinte -, pois o combativo e prestigiado João Gilberto - da linha de frente do antigo MDB, e depois do PMDB, na luta contra a ditadura -, embora ainda relativamente jovem, sentia-se cansado, da vida parlamentar; da distância da terra natal; de Brasília...

Topando a parada, o também ainda jovem Nelson Jobim, com o forte e decisivio apoio do amigo João Gilberto foi eleito deputado federal e veio para Brasília no início de 1987, como constituinte. Então, aqui ele se destacaria no Parlamento, e também na Constituinte.

Prestigiado pela cúpula do seu PMDB e por determinados e influentes parlamentares e constituintes eleitos por outros partidos, logo Nelson Jobim estava "escrevendo" a nossa Carta Política. Sim, como um de seus relatores, ele "escreveu" a atual Constituição Federal, inclusive inserindo na mesma determinados artigos na "calada da noite"(além de indispensáveis - se bem lembro, o art.2º foi um deles -, até que não são ruins, mas não podia...), como o próprio viria confessar tempos depois, quando encontrava-se como ministro do Supremo Tribunal Federal.

Mas embora relator prestigiado, Jobim não pode presidir a ANC, pois tinha o "velho" Ulysses - um gigante político, que o ofuscava -; o tb ...grande Mário Covas... Tempos depois ele virou ministro da Justiça, no primeiro mandato do FHC, donde saiu para o STF, e dessa Corte, após uns tantos anos, de lá saiu e "desceu" para "virar" ministro da Defesa do Lula.

Até alí uma respeitável trajetória política, né? Não para as grandes - e por que não dizer legítimas? - aspirações de Nelson Jobim. É que até hoje ele não foi governador do seu querido Rio Grande(hoje governado pelo Tarso Genro, o "el vermelho", ou melhor o "gauche", também conhecido como "Pangarezinho Gaúcho"); também não foi senador e muito menos presidente da República.

Isso aí não foi o pior, eis que faltou o principal: o Nelson Jobin não é e nunca foi o senador Pinheiro Machado, o maior de todos os caudilhos dos Pampas - há quem o veja, em certos aspectos, até maior que o Getúlio, levado à tragédia do suicídio, enquanto o outro não morreu pelas próprias mãos, pois foi assassinado no Rio por um popular - "Manso de Paiva -, na recepção de um renomado hotel, sob a alegação de que o senador era "a fonte de todos os males da República - na "República Velha".

Sim, o senador Pinheiro Machado, ao tempo em que segurava/sustentava, também "fazia e desfazia" presidentes da República, chegando ao ponto de derrotar pela última vez, com um candidato de muito pouco apelo político e popular, o "gigante" Rui Barbosa. Pela mídia de então, e até por certa historiografia, ele era considerado o o "árbitro da verificação dos poderes"(isso pode; isso não pode...). E o Jobim, seu inconfessável admirador, sempre desejou ser o Pinheiro Machado, mas não pode ser por que hoje o Brasil é outro, não pelo PT, óbvio, nem também pelo Lula, mas pelo próprio povo brasileiro e por suas instituições(inclusive pela Carta que o Jobim ajudou a escrever).

Então é isso: o Brasil é outro, bem outro, e o Jobim não pode reproduzir o poder incontestável que no passado teve o senador Pinheiro Machado - "o árbitro da verificação dos poderes". Jobim também não pode, nem poderá imitar outro gigante - "grandão" como ele - , mas da política internacional: Charles de Gaulle - o guru etéreo do Sarkozy, aquele que iria nos vender os "caças". Sim, de Gaulle, o general que salvou a honra da França, lutando contra Hitler e os seus compatriotas traidores, à frente dos quais estava o marechal Petáin.

Aí, portanto, entre o caudilhismo do general e senador Pinheiro Machado, e a grandeza moral e política daquele que foi o maior líder francês no século XX, a colossal frustação do nosso Nelson Jobim, que agora "vive cagando" para o mundo, e de hoje em diante longe do "Dilmão" e de sua sombra - o "barbudinho" de Garanhuns, que um dia foi presidente da República -, mas próximo do seu querido amigo Serra; do FHC..., inclusive fisicamente, tanto que por último adquiriu um apartamento em São Paulo, no bairro dos Jardins.

Mas agora é muito tarde para nós termos no Brasil um novo Pinheiro Machado, mesmo que ele fosse carismático e cosmopolita, a um só tempo, como o general De Gaulle.

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