domingo, 26 de junho de 2011

Não existe dignidade sem liberdade

A liberdade humana é pré-condição(ainda não me adaptei à "reforma ortográfica") para a dignidade humana, pois esta não pode ser afirmada sem que haja liberdade em favor de sua manifestação, exigência para a sua própria existência. Daí que, nos regimes políticos que impedem o exercício da liberdade - a civil, óbvio, como na tradição das construções filosóficas de Hobbes, Loock e Kant, principalmente, e que hoje tem como exemplos contrários os regimes da China, Cuba, Irã... -, a dignidade humana é mera ilusão decorrente de uma perspectiva de igualdade material, similarmente aos dois primeiros casos, ou de histeria, inflexibiliade e extremismo religioso, segundo aquilo que há na antiga Pérsia e em seus vizinhos.

No Brasil, no entanto, alguns partidos políticos e expressivos setores da nossa intelectualidade ainda permanecem presos àquelas concepções anteriores à "Queda do Muro de Berlim", tão caras à nossa geração - lutei, como muitos outros jovens, à época, contra a ditadura -, que enfrentou e derrubou a ditadura então instalada no poder, mas que continua presa aos dogmas marxistas da estatização total dos meios de produção e da ditadura do proletariado, mesmo após o amplo e inquestionável fracasso do SOREX - Socialismo Realmente Existente, simbolizado pela divisão das "duas Alemanhas", e que arrastou "consigo" a extinta União Soviética e os seus "satélites" da "Cortina de Ferro".

Porém, do SOREX restou Cuba, exatamente aqui em nosso continente, a eterna "vítima" do bloqueio imposto pelos Estados Unidos, esse produzido por um equívoco que resulta num erro de estratégia apenas comparável à falta de um diálogo objetivo e consistente do "império" com o "mundo árabe". Sim, pois se Washington decidisse amanhã acabar com o bloqueio a Cuba, a ilha não seria uma nova China - uma ditadura comuno-capitalista -, como se imagina, pois a prosperidade decorrente e vislumbrada faria com que a relativamente pequena população cubana derrubasse em dois tempos o regime castrista, de uma vez por todas. Com o "mundo árabe", a mudança de paradigma produziria uma situação similar à fortíssima possibilidade cubana, guardadas as suas peculiaridades, óbvio.

Mas no Brasil, no entanto, nos partidos políticos, tanto quanto na academia; nos sindicatos; na intelectualidade dispersa, etc., muitos continuam mantendo a ilusão(?) de que apenas a estatização total dos meios de produção e a ditadura do proletariado - que excluem inescapavelmente a liberdade e impõem a igualdade - são caminhos para a afirmação da dignidade humana. Os constantes "flertes" de Lula com Fidel Castro são pequenos exemplos e prova viva disso aí.

Não, a história já demonstrou que não há outro caminho para a afirmação da dignidade humana que não seja o caminho da liberdade - a liberdade civil, óbvio, aqui em oposição à liberdade natural, a miríade... -, especialmente o conjunto de direitos que aqueles "iludidos"(?) chamam de "liberdades burguesas" - o direito ao voto universal, secreto e periódico e a um governo de maioria; os direito às livres organização e manifestação, à plena e incensurável informação; à irrestrita expressão da arte e do pensamento, de modo geral... -, aquelas que verdadeira e efetivamente asseguram o pluralismo em todos os quadrantes da vida em sociedade, apesar de seus paradoxos e inúmeras contradições, os quais, no entanto, podem ser superados - conforme a própria história -, sem que se atropele a liberdade, condição indispensável à dignidade humana, que repudia a escravidão coletiva, o servilismo ideológico e outras burrices.

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